Abstract

O artigo busca, a partir dos resultados parciais de uma pesquisa mais ampla, descrever a morfologia do livro escolar de leitura, no período de 1866 a 1956. Os livros escolares constituem a principal fonte da pesquisa, particularmente aqueles que compõem o acervo do CEALE/UFMG, tomados, na investigação, como um caso provável de biblioteca escolar e, desse modo, como indicadores indiretos da produção editorial brasileira do período. Da análise realizada, apreenderam-se dois grandes tipos de livros (séries graduadas e livros isolados), quatro grandes gêneros (compêndios, antologias, narrativas e caderno de atividades) e cinco grandes modelos de livro (paleógrafo, instrutivo, formativo, retórico-literário e autônomo). A análise permitiu, ainda, identificar quatro ordens de fenômenos cuja participação na conformação dessas características é preciso melhor conhecer: a progressiva distinção entre dois tipos de leitura escolar - a leitura para aprender a ler e a leitura recreativa; as relações entre as formas do livro e a progressiva consolidação da escola e de seus agentes; as relações entre os livros de leitura brasileiros e franceses; os usos e as apropriações dos livros nas práticas educativas cotidianas.

Highlights

  • O século XIX e as primeiras décadas do século XX, no Brasil, podem ser caracterizados como um período de progressiva institucionalização da escola como o principal espaço social da educação

  • Em 1956, o que justifica o último marco temporal da pesquisa, Lourenço Filho inicia a publicação da série Pedrinho e seus amigos, que renova os padrões do livro escolar de leitura

  • Livros didáticos constituem as principais fontes da pesquisa

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Summary

Karina Klinke

O século XIX e as primeiras décadas do século XX, no Brasil, podem ser caracterizados como um período de progressiva institucionalização da escola como o principal espaço social da educação. No interior desse quadro mais geral, a organização e o lugar ocupado pelos saberes escolares e pelos materiais didáticos (sobretudo os manuais escolares) destinados a ensinar esses saberes passam por diversas transformações.[3] Se, nas primeiras décadas do século XIX, os programas de ensino para a escola elementar se limitavam ao ensino inicial das habilidades da leitura, da escrita e do cálculo, progressivamente se foram constituindo conteúdos e saberes específicos para serem ensinados pela instituição escolar; também progressivamente os saberes compreendidos como “leitura” e “escrita” ganham novas dimensões, respondem a novas exigências e demandas sociais, assumem formas mais complexas de escolarização. Busca-se: a) determinar os principais agentes (autores, ilustradores, adaptadores, tradutores, editores e impressores e instituições) envolvidos no campo da produção desse gênero de livro escolar, assim como suas posições; b) analisar os usos e apropriações dos livros nos dois Estados em que a pesquisa é desenvolvida – Minas Gerais e Pernambuco –, por meio de estudos de caso a respeito de títulos significativos da produção estudada e de sua circulação e uso. Em 1956, o que justifica o último marco temporal da pesquisa, Lourenço Filho inicia a publicação da série Pedrinho e seus amigos, que renova os padrões do livro escolar de leitura

As fontes e seu tratamento
Um caso provável de biblioteca escolar
Séries graduadas
Gêneros e exercícios
Caderno de atividades
Com exercícios
Modelos de livros de leitura
Ano da doação
Fontes citadas
Referências bibliográficas
Sandra Escovedo Selles e Martha Abreu
Juan Casassus
Maria da Graça Jacintho Setton
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