Abstract

O texto apresenta uma reflexão a respeito de formas de memória do cangaço, fenômeno de banditismo do Nordeste brasileiro, como um dito tema sensível nacional. Tem como problema estruturante sua transformação pelas mídias técnicas, com atenção ao lugar de imagens dos restos mortais dos cangaceiros, em contexto de expansão globalizada da cultura da memória a partir do terço final do século XX. Para a análise, suscita um debate simultâneo, em cada uma das suas partes, sobre as políticas de memória relacionadas a diferentes tipos de arquivamentos, enfatizando casos do cangaço; as singularidades dos arquivos públicos, pessoais e digitais que têm mais circulação na cena pública do tema; os lugares de fotografias entre-imagens distintas, destacando principalmente registros das cabeças cortadas e/ou mumificadas de cangaceiros. Na base da proposta, os estudos da Memória Cultural, de teorias do Arquivo e da Cultura Visual, em que se enfatiza como tais áreas repensam suas epistemologias diante do universo virtual. Daí surgem notas propositivas que visam a contribuir com a agenda de estudo contemporânea do assunto, para além da questão nacional, como algumas que despontam em escala mais global de investigação histórica.

Highlights

  • A forma e qualidade dos espaços culturais de recordação [...] são determinadas tanto por interesses políticos e sociais quanto pela transformação das mídias técnicas (ASSMANN, 2011, p. 19)

  • Uma maneira de situar essa transformação no tempo é percebendo o próprio trato com as cabeças e os corpos dos cangaceiros mortos: da decapitação das cabeças à denúncia de preservação sob interesse científico (1938-1959); das denúncias realizadas ao efetivo sepultamento reivindicado em distintas frentes (1959-1969); e do seu sepultamento

  • Florianópolis, v. 27, n. 45, p. 306-328, maio/ago. 2020

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Summary

Vagner Silva Ramos Filho

A forma e qualidade dos espaços culturais de recordação [...] são determinadas tanto por interesses políticos e sociais quanto pela transformação das mídias técnicas (ASSMANN, 2011, p. 19). Fazemos um debate simultâneo no texto sobre os seguintes aspectos: formas de memória em contextos de diferentes arquivamentos, pontuando casos ligados ao cangaço; singularidades dos arquivos públicos, pessoais e digitais, ressaltando aqueles com maior circulação na cena pública do tema; observações dos lugares das fotografias entre-imagens diversas, com atenção aos registros dos restos mortais dos cangaceiros, sobretudo das suas cabeças cortadas e/ou mumificadas. 165), esse processo de tomada de decisões sobre o que classificar nos arquivos envolve uma “noção implícita de história e de tempo histórico, fazendo com que seja possível considerar seu estatuto moderno como um dos locais fundamentais de definição das condições materiais de possibilidade de escrita da história”. Evidentemente, alguns circulam mais do que os outros, o que pode ser melhor elucidado investigando singularidades dos arquivamentos públicos institucionais em meio a sociedade nas suas distintas formas de lidar com o passado.

Imagens de um passado sensível
CONSIDERAÇÕES FINAIS E PERSPECTIVAS
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