Abstract

As FT são, em PE, em termos gerais e por várias razões, “um item de efetiva dificuldade” (Duarte, 2010, p. 133). Especificamente, no que toca ao seu uso num contexto de debate político (eleitoral), são, sobretudo, olhadas sob o ponto de vista da cortesia e das leituras pragmáticas geradas. Com o intuito de contribuirmos tanto para os estudos diacrónicos sobre FT como para as reflexões sobre cortesia no discurso de combate político, atentamos nas formas produzidas em 29 debates das legislativas de 2022. Entendemos que a sincronia e a dimensão do corpus permitem uma espécie de ponto de situação do uso das FT no contexto de debate político eleitoral. Quantitativamente, destacamos as ocorrências de sujeito nulo e o uso de fórmulas tipicamente delocutivas (cf. Carreira, 1997) como direção direta ao interlocutor e, simultaneamente, referência delocutiva. Qualitativamente, sublinhamos a ausência, por parte dos moderadores, de produções de formas com títulos académicos (em oposição ao que tradicionalmente sucedia), e destacamos as ocorrências, por parte dos debatentes, de vocês e você e, com alguma surpresa, de formas do paradigma de 2PS (tu, ti, teus, tuas), admitindo que tais produções possam surgir de uma atribuição de menor formalidade à situação, resultado de mudanças sociais (cf. entre outros, Gouveia, 2008; Lara-Bermejo, 2021).

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