Abstract
RESUMO Nesse ensaio, exploro a relação entre representação, historicidade e mito no modernismo vanguardista do início do século XX, em especial na obra Macunaíma (1928), de Mario de Andrade. Valendo-me das reflexões sobre evento modernista de White e da natureza da irrealização do evento de Jameson, exploro as razões da cisão entre arte modernista e historiografia. Sugiro que para além de uma incongruência entre dois sistemas de representação incompatíveis – um mimético-realista e sua alternativa modernista – a crítica das vanguardas históricas à historiografia deriva de diferentes noções fundamentais de historicidade e temporalidade. Argumento, em seguida, que o interesse modernista na mitologia e na elaboração de um método mítico tem raízes na maneira como no mito se articula historicidade e temporalidade. Finalmente, analiso a obra de Mario de Andrade em dois tempos: primeiro, acompanho Melo e Souza e Proença na tentativa de descrever o método mítico do qual Mario de Andrade faz uso para compor sua rapsódia e conferir a ela sua originalidade estrutural; em seguida, demonstro como o mito, particularmente um tempo e um espaço míticos, encontram-se urdidos na narrativa andradiana e como, portanto, Macunaíma pode ser entendido como uma maneira alternativa (à historiografia moderna) de articular historicidade e tempo.
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