Abstract

RESUMO: Sentenças com o verbo acabar seguido de uma oração infinitiva encabeçada pela preposição de apresentam duas leituras. Uma, que chamarei de culminativa, aponta para o menor subevento final de um evento denotado pelo verbo no infinitivo; a outra, que chamarei de leitura de recência, coloca o tempo do evento da oração infinitiva relativamente próximo, e anterior, a outro tempo tomado como referência. Neste artigo, proponho que as duas leituras envolvem estruturas e interpretações para o verbo acabar radicalmente distintas. O trabalho, assumindo o arcabouço teórico da Morfologia Distribuída, apresenta evidências de que: (1) na leitura culminativa, temos, tipicamente, controle, enquanto na leitura de recência, alçamento; (2) as orações infinitivas na leitura de recência veiculam informação temporal/aspectual não veiculada pelas infinitivas na leitura culminativa; (3) enquanto na leitura culminativa o verbo acabar introduz um subevento do evento denotado pela oração infinitiva, na leitura de recência o verbo somente veicula um conjunto de relações temporais.

Highlights

  • No português brasileiro há duas leituras possíveis para a sentença (1) abaixo: uma em que o evento denotado pela oração infinitiva culmina ou atinge um ponto final natural ou contextualmente definido – chamemo-la leitura culminativa; e uma em que o evento descrito pela oração infinitiva culmina ou tem uma subdivisão sua, da qual se fala, terminando um pouco antes de uma referência temporal estabelecida (no caso de (1), o momento em que a frase é dita) – chamemo-la leitura de recência1

  • As duas ideias principais que explorarei neste trabalho são as seguintes: (a) a raiz do verbo acabar, √kab, pode ocorrer em posições diferentes na estrutura do vP que toma a oração infinitiva com seu complemento, forçando ou não a anexação do núcleo Voz a esse vP (KRATZER, 1996; MARANTZ, 2013a), podendo, assim, gerar uma leitura eventiva/agentiva do verbo acabar; (b) há dois CPs não-finitos, um em que o complementizador preposicional de toma diretamente uma estrutura verbal sem a mediação de um núcleo flexional F, e outra em que o núcleo F está presente

  • The Philosophical Review, Durham, v. 66, n. 2, p. 143-160, 1957

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Summary

Alessandro Boechat de MEDEIROS*

▪▪ RESUMO: Sentenças com o verbo acabar seguido de uma oração infinitiva encabeçada pela preposição de apresentam duas leituras. Se o evento já é uma culminação (achievement, na nomenclatura de VENDLER, 1957), não é possível a leitura culminativa, somente a de recência, como é o caso de (4) abaixo:. As duas ideias principais que explorarei neste trabalho são as seguintes: (a) a raiz do verbo acabar, √kab-, pode ocorrer em posições diferentes na estrutura do vP que toma a oração infinitiva com seu complemento, forçando ou não a anexação do núcleo Voz a esse vP (KRATZER, 1996; MARANTZ, 2013a), podendo, assim, gerar uma leitura eventiva/agentiva do verbo acabar; (b) há dois CPs não-finitos, um em que o complementizador preposicional de toma diretamente uma estrutura verbal sem a mediação de um núcleo flexional F (leitura culminativa), e outra em que o núcleo F está presente (leitura de recência). Na seção final falo um pouco da interrelação entre tempo verbal e as leituras de recência e culminativa, e tento explicar as restrições apresentadas

Argumentos e estrutura
Sintaxe e o verbo acabar
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