Abstract

O presente estudo visa a analisar como propostas de produção textual veiculadas em livro didático do Ensino Fundamental situam o estudante em termos de interlocução, observando se esse material tem a preocupação de caracterizar o provável interlocutor da escrita a ser elaborada pelo aluno. Para tanto, tomou-se como base a teoria dialógica de Bakhtin, adotando-se a perspectiva enunciativo-discursiva de linguagem. Optou-se pela análise de propostas de produção textual presentes na coleção Português: Linguagens, dos autores Willian Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães. A partir do corpus analisado, observou-se que as referidas propostas não apresentam caracterização detalhada do possível interlocutor, não contemplando plenamente a noção bakhtiniana de endereçamento. Assim, em função de elas não explicitarem quem é o outro do discurso, a escrita produzida pelo estudante pode, além de tornar-se artificial, não favorecer o estabelecimento de um ativo e efetivo diálogo entre os interactantes.

Highlights

  • Sabe-se, por meio de pesquisas, como a realizada pelo Instituto Paulo Montenegro – por meio do Indicador de Analfabetismo Funcional (INAF)1, que parcela significativa da população brasileira possui carências quanto ao desenvolvimento de habilidades de leitura e de escrita

  • Acreditase que, com a ampliação da competência linguística dos estudantes, é possível haver uma mudança nos índices negativos de desempenho nas práticas de escrita

  • Algumas problematizam a forma como, neles, é solicitada a produção de textos, sendo que resultados de diversas investigações convergem para a noção de que, geralmente, esses manuais apresentam propostas de escrita com pouca clareza a respeito das condições de produção do discurso

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Summary

A teoria dialógica

Elaborada pelo Círculo de Bakhtin[2], a abordagem dialógica da linguagem se propõe a compreender a linguagem e seu funcionamento, textual em livro didático do ensino fundamental assim como discute a constituição dos gêneros discursivos, levando em conta sua relação com a situação de interação, realizada no meio social, nas esferas de atividade humana. Para Mikhail Bakhtin (1981)[3], que viveu no período compreendido entre os anos 1895-1975, o diálogo é caracterizado pela alternância dos sujeitos no discurso, sendo que a palavra é dirigida por um locutor a um interlocutor, os quais ocupam posição social. Bakhtin (2003)[4] afirma que, na comunicação discursiva real há dois parceiros, sendo que o ouvinte (interlocutor) não é passivo; pelo contrário, percebe e compreende o significado do discurso, agindo de forma responsiva em relação ao locutor, ou seja, “concorda ou discorda dele (total ou parcialmente), completa-o, aplica-o, prepara-se para usálo, etc” Entre eles estão as concepções de língua e de linguagem, de enunciado, de gêneros do discurso e de endereçamento

Linguagem
Enunciado
Gênero discursivo e endereçamento
Pressupostos metodológicos e caracterização do objeto de estudo
Análise e discussão dos resultados
Unidade 2
Unidade 3
Unidade 4
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Paper version not known

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