Abstract
A canção “Dama de espadas”, de Ilessi e Iara Ferreira, é referência da produção de uma nova geração de compositoras residentes no Rio de Janeiro. Cantautoras intensamente atuantes no cenário artístico contemporâneo, ambas buscam construir novas narrativas na dimensão literária e musical da canção. Buscamos compreender o que as motivou a compor – o contexto de produção, performance e fruição – e observar como se construiu um diálogo com o blues enquanto gênero musical negro surgido nos Estados Unidos, constituindo dois territórios atravessados pelas lutas das mulheres e separados por aproximadamente um século. A análise conta como principais referências os trabalhos de (1) Angela Davis, com o seu panorama sobre a constituição do blues a partir de Bessie Smith e Ma Rainey, e (2) Silvia Federici, com sua abordagem sobre o surgimento do capitalismo e os diversos mecanismos de controle impostos às mulheres para servirem a essa lógica vigente.
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