Abstract
Background: Penfigoide bolhoso é uma doença cutânea de caráter autoimune, extremamente rara. Os sinais clínicos são praticamente os mesmos do complexo pênfigo, mudando a localização da lesão (subepidérmica ao invés de intraepidérmica), sem ocorrência de acantólise. A etiologia desta doença ainda não é totalmente elucidada. O penfigoide bolhoso se manifesta como uma dermatopatia ulcerativa, formando vesículas e bolhas frágeis nas junções mucocutâneas, região plantar e membranas mucosas. O penfigoide bolhoso, embora raro em cães, deve ser considerado como diagnóstico diferencial em animais com lesões ulcerativas. O objetivo deste trabalho é relatar um caso de penfigoide bolhoso em estado avançado em um cão errante. Case: Foi enviado ao IPVDF, para o setor de histopatologia, fragmentos de pele de uma canina errante, 7,8kg, fêmea, sem raça definida com aproximadamente 3 anos de idade. A paciente estava caquética, com lesões nas extremidades dos membros, na face, região de flanco e cauda, além de cavidade oral. Por ser uma canina de rua, o período de evolução do quadro não pode ser esclarecido. Foram feitos, previamente ao exame histopatológico, citologia cutânea e cultivo fúngico para verificação de esporotricose, cujos resultados foram negativos, observando-se apenas um fungo oportunista. Na citologia cutânea, observou-se bactérias em formato de cocos gram-positivos. Foi realizado exame parasitológico de pele, sendo negativo para ácaros, e punção de linfonodos, na qual não foram encontrados resultados significativos. O teste de ELISA para identificar leishmaniose foi negativo. Foram feitos também hemograma, apresentando anemia normocítica normocrômica e bioquímicos (ALT, Creatinina, Fosfatase alcalina, Albumina, Ureia, PPT), sendo identificada elevação de ALT. No exame histopatológico, havia hiperplasia epidérmica leve e focos espongióticos, e na derme, infiltrado inflamatório difuso, além de bolha subepidermal. Inicialmente, a paciente foi tratada com Cefalexina e Dipirona, melhorando apenas em relação à infecção bacteriana. Foi utilizado Intraconazol para controle do fungo oportunista. Nas lesões, foi utilizada pomada de óxido de zinco com óleo de girassol, vitamina E e aloe vera. Além disso, recebeu banhos com peróxido de benzoíla. Considerando os sinais clínicos, a exclusão de diferenciais e o resultado do exame histopatológico, o diagnóstico foi definido como penfigoide bolhoso. A terapia instituída definitivamente foi uso de corticoide (Prednisolona) e imunomodulador (Azatioprina). A paciente apresentou melhora significativa. Discussion: O diagnóstico de penfigoide bolhoso foi realizado através da observação das lesões manifestadas, exames complementares para descarte de diagnósticos diferenciais e confirmação através do exame histopatológico (padrão ouro). O penfigoide bolhoso em cães não possui predileções sexuais e raciais, mas alguns autores citaram Collies, Shetlands e Dobermann como raças predispostas a desenvolver esta doença a partir dos cinco anos de idade. No caso relatado, o animal era sem raça definida e aparentava ter aproximadamente três anos de idade. Devido ao penfigoide bolhoso ser uma doença geralmente grave, terapias imunossupressoras mais agressivas são necessárias. Após 35 dias, o tratamento com Prednisolona foi descontinuado baseado em recomendações veterinárias, porém o animal apresentou recidiva das lesões ulcerativas. Neste caso de penfigoide bolhoso, assim como em outras doenças autoimunes não desencadeadas por fatores secundários, é recomendado o tratamento imunossupressor contínuo. O exame histopatológico em conjunto com o exame físico e exames complementares utilizados serviram como base para realizar o diagnóstico e tratamento adequado. As decisões tomadas foram bem sucedidas, a associação de corticosteroide e imunossupressor empregado como tratamento se mostrou eficaz na terapia do penfigoide bolhoso.
Published Version
Join us for a 30 min session where you can share your feedback and ask us any queries you have