Abstract
Dentre os desafios atuais da educação médica, encontra-se a inserção curricular de conteúdos e experiências educacionais voltados para o desenvolvimento de competências afetivas. A literatura tem indicado um declínio gradual do idealismo e humanismo do estudante ao longo do curso, indício de erosão do currículo médico. O objetivo deste estudo foi avaliar o desenvolvimento de competências afetivas e empáticas dos estudantes do curso de Medicina da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS), por meio da análise de 39 narrativas produzidas por estudantes da segunda e terceira séries em 2010. A análise de conteúdo baseou-se na epistemologia qualitativa, com base na qual foram estabelecidas três categorias: ritual de iniciação do estudante: vivências e dificuldades; vivências emocionais no decorrer da formação médica; benefícios pedagógicos da medicina narrativa: os desafios do desenvolvimento da empatia. A segunda série pareceu representar para os estudantes uma fase de adaptação ao contexto hospitalar, vista a necessidade de exteriorização dos próprios conflitos e de suas barreiras emocionais. Na terceira série, observou-se melhor desenvolvimento tanto de habilidades empáticas quanto de uma visão mais integral da condição dos pacientes e seus dramas. Conclui-se que a medicina narrativa foi uma abordagem efetiva para o aprendizado da empatia e da competência afetiva nos estudantes de Medicina, além de instrumento válido em nosso meio para avaliação de competências empáticas e humanísticas. A progressiva adesão dos estudantes legitima e consolida a medicina narrativa no espaço curricular, revalorizando a formação médica em suas práticas intersubjetivas. Entretanto, este estudo aponta a necessidade de novas investigações, utilizando-se métodos mistos para melhor compreensão do impacto dessa abordagem a longo prazo.
Highlights
RESUMO Dentre os desafios atuais da educação médica, encontra-se a inserção curricular de conteúdos e experiências educacionais voltados para o desenvolvimento de competências afetivas
of the current challenges of medical education is the problem of integration of curricular content
educational experiences focused on the development of affective skills
Summary
I Escola Superior de Ciências da Saúde, Brasília, DF, Brasil. Nem sempre estudantes de Medicina demonstram interesse e habilidade empática diante dos dramas humanos associados ao adoecimento, o que pode redundar numa prática médica desumanizada. O temor da prática profissional consolidada no tecnicismo levou, em 2001, a alterações nas Diretrizes Curriculares Nacionais do curso de graduação em Medicina. Um exemplo de prática pedagógica inovadora é a medicina narrativa, assim denominada pela Dra Rita Charon. Define-se competência narrativa como um conjunto de habilidades requeridas para reconhecer, absorver, interpretar e se mobilizar com as histórias e situações de outros[4]. A competência narrativa possibilita melhor capacidade de ouvir e acompanhar o que é relatado, reconhecendo-se as imagens e metáforas usadas pelas pessoas e adotando-se o ponto de vista do outro[6]. Um exemplo disso é a capacidade de transformar a história contada pelo paciente em dados objetivos que caracterizam o curso da disfunção biológica atual, excluindo as percepções desse paciente sobre sua doença, aflições e angústias[4]
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