Abstract
Resumo A ascensão econômica da província de São Paulo no século XIX assentou-se sobre a expansão da lavoura cafeeira no Oeste Paulista e sobre a formação de um complexo econômico com atividades paralelas vinculadas à exportação do produto. Dentre estas atividades, o comércio de importação e exportação era uma das mais importantes, sendo que a maioria das casas exportadoras de café em Santos eram firmas estrangeiras, o que levou a historiografia econômica a relegar o capital nacional nesta seara. Todavia, a principal casa exportadora de café em Santos na metade da década de 1880 era a J. F. de Lacerda & Cia., uma empresa familiar pertencente aos Lacerda Franco. O artigo investiga o funcionamento desta firma, que era uma casa comissária e exportadora, por meio da análise de suas demonstrações financeiras e, ao mesmo tempo, apreende sua estratégia que se baseava no tripé café, capital e uma rede produtiva em municípios cafeeiros paulistas.
Highlights
The gaps in national investment opportunities: strategies of the exporting firm J
Na década de 1860, havia apenas 3 bancos na província paulista, o que não indicava uma melhora significativa no fornecimento de crédito à lavoura, pois a prática destes bancos era de empréstimos somente aos grandes fazendeiros, muitos que eram também detentores de casas comissárias
Situados um patamar acima na longa cadeia comercial que unia as lavouras paulistas à Europa e América do Norte – o típico comércio a longa distância braudeliano1012– os exportadores carreavam relevante parcela dos lucros cafeeiros ao se valerem de um oligopsônio na aquisição do café em Santos, sempre visando rebaixar os preços de compra, e de um oligopólio na venda do produto aos mercados centrais, condição que permitia aos exportadores regular as cotações do café, (9) Segundo Pereira (1980, p. 126) “As grandes firmas comissárias [em Santos] organizam-se, a maior parte delas, como sociedades de fazendeiros”
Summary
Na metade do século XIX, o processo de conversão dos canaviais em cafezais no Oeste Paulista demandava somas cada vez maiores de capital, pois entre a limpeza do terreno e a primeira colheita havia um interregno de 4 a 5 anos – tempo de maturação da planta – marcado por gastos com: preparação das terras (derrubada, queimada, roçar), plantio, poda das plantas, quantias que podiam ser dez vezes maiores do que o gasto com a mudança das culturas e, como agravante, tinham que ser dispendidas quando o produtor não tinha uma fonte de recursos naquele terreno. Na década de 1860, havia apenas 3 bancos na província paulista, o que não indicava uma melhora significativa no fornecimento de crédito à lavoura, pois a prática destes bancos era de empréstimos somente aos grandes fazendeiros, muitos que eram também detentores de casas comissárias. O período entre 1850-1870 foi extremamente penoso à formação de bancos no Brasil como um todo, pois neste intervalo ocorreu a crise financeira nos Estados Unidos em 1857 com efeitos na economia nacional; a Lei dos Entraves em 1860 e a Crise Bancária da Casa Souto & Cia. no Rio de Janeiro; a Guerra do Paraguai a corroer ainda mais as finanças nacionais; sem olvidar no viés metalista da política econômica imperial que, na tentativa de enquadrar o Brasil no sistema do padrão-ouro, restringia a emissão monetária (Guimarães, 2011). Localizadas em Santos, as casas comissárias eram predominantemente firmas nacionais formadas por indivíduos ligados de longa data ao comércio santista, como os Azurém Costa, ou por grandes fazendeiros do Oeste Paulista que também se tornaram comissários, caso da Souza Queiroz & Vergueiro que reunia importantes cafeicultores da região de Limeira, Rio e Claro e Campinas (Pereira, 1980, p. 128)
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