Abstract

Através do conceito original de subjetividade primária do analista, a autora destaca, examina e descreve analiticamente elementos subjetivos de natureza própria, idiossincrática da pessoa do analista, ativos na práxis analítica. Caracterizados pelas qualidades de unicidade e alteridade no campo analítico, tais fatores colocam em relevo e abrem novas perspectivas para o estudo do fator da metapsicologia do analista, diversa e complementar da metapsicologia do paciente. Sob a perspectiva intrassubjetiva, a subjetividade primária do analista é a matriz anímica, rocha-mãe sobre a qual repousa a escuta e sensibilidade analítica, podendo originar uma contribuição constitutiva e, de forma complementar, uma contribuição institutiva para o encontro dual. Sob a perspectiva intersubjetiva, os conceitos originais de contratransferência criativa, estrangeira e viciosa privilegiam a observação da vitalidade ou empobrecimento analítico de que a subjetividade primária se investe na trajetória analítica. Em circunstâncias habituais, a subjetividade primária do analista contém e faz vibrar, como um diapasão, o conteúdo mental do paciente. Sobrecarregada, porém, tende a funcionar como um diapasão rígido, em que o encontro das extremidades metálicas produz ruídos inaudíveis, ou, inversamente, como um diapasão hiper-reativo, gerando sons amplificados, excessivos, que impedem a natural rêverie, e, por consequência, limitam a formação do terceiro analítico intersubjetivo.

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